quinta-feira, 6 de maio de 2010

Argumentos fundamentados cientificamente

O último encontro com a turma de Didática foi bem importante para se pensar sobre a natureza de nossos argumentos. Quando estou apresentando as propostas dos autores dos livros tratados, pretendo que isto seja conhecido, mas que também seja experimentado. É para refletirmos sobre a instabilidade das certezas científicas de todas as áreas desde que se descobriu que vivemos uma crise de paradigmas. Isto é, nosso modo de ver o mundo está em crise.
Se dizemos que devemos enfrentar as incertezas por exemplo, a idéia é que tenhamos mais dúvidas sobre as certezas que 'achamos' ter.
Digo 'achamos', porque na maior parte das vezes não passa de um 'achismo', porque, assim como não podemos afirmar como verdade as coisas das ciências exatas sem comprovação científica, também não podemos fazer o mesmo com as ciências humanas. O fato de sermos humanos e termos uma história não nos dá o direito de entender que os historiadores, sociólogos, psicólogos, cientistas políticos, antropólogos não pesquisaram para fazerem suas afirmações. O mesmo se aplica à educação. Precisamos lembrar que o ensino de física é uma parte da educação, como nos mostram o PCN, onde aquele tem por objetivo ampliar a compreensão da natureza.
Como cientistas e professores precisamos ampliar a nossa visão e sobretudo procurar realizar análises críticas sobre tudo que vamos conhecendo pelo caminho de nossa vida acadêmica, cidadã, profissional e pessoal. Tudo vai se interligando com o tempo.
Quando falo de análise crítica, de ser crítico, não estou falando de simplesmente ser do contra. A análise crítica exige buscar a clareza (conhecimento) dos processos, com profundidade e amplitude, isto é, desenvolver um conhecimento sistêmico o mais ampliado possível a respeito do que pretendemos criticar.
Outra questão importante é procurar saber do significado dos conceitos utilizados pelos autores e/ou interlocutores. As palavras, em cada área do conhecimento, podem adquirir significados mais profundos do que aparentam. A palavra Tradição, por exemplo, adquire o sentido de uma cultura que se perpetua e não abre espaço para a dinâmica do mundo. Se isto é bom ou ruim vai depender do contexto.
Também devemos ter o cuidado de evitar afirmativas generalizadas sobre um aspecto que conhecemos em nossa prática, em caráter pessoal. A experiência pessoal restringe-se a um relato, não dá conta de todo o conhecimento. A nossa experiência é datada e localizada. Quando se trata de conhecimento, e cada vez mais, jamais saberemos o bastante.
Por isso, queridos alunos e aluna, é sábio aprendermos a ouvir mais e deixar que as coisas amadureçam para darmos por completadas as nossas convicções.
Argumentar exige fundamentação teórica e prática refletida. Um professor precisa estar conectado com a dinâmica do conhecimento e buscar as ciências para se apoiar quando resolve opinar.
O exercício da dúvida é importante, mas não queiram ter as respostas acabadas em meia hora.
Vamos utilizar os espaços de discussão para este exercício? Verão que as dúvidas são bem mais legais que as certezas.

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